31 de janeiro de 2007

Aprenda a emagrecer...

Do blog do Marconi Leal:

"Sabem vocês, leitores de dilatado conhecimento clássico, que Enéias não foi mais intérrito nem foram mais briosos os aquivos de grevas bem-feitas do que eu, em minhas seguidas tentativas de andar de bicicleta, entrar pra academia de ginástica ou elevar o cooper etílico à categoria de esporte (ver postagens “O Falecido Marconi Leal”, “Bravo, Forte, Filho do Norte” e “Redação de Volta das Férias”).

Porém, depois de recentes e frustradas experiências com o levantamento de exemplares de “A Montanha Mágica” e o lançamento de Houaiss à distância, havia resolvido que exercício, para mim, doravante, só os matemáticos.

E isso porque, grande seguidor de Blaise Pascal, esta é uma área que domino em profundidade. A ponto de, das cinco operações básicas, saber efetuar nada menos que as três mais complexas: adição e subtração.

Estava, portanto, decidido a abandonar de vez toleimas desprovidas de qualquer nexo como o esforço físico e passar o restante da existência praticando os dois únicos movimentos que ultimamente me têm sido possível, diante de um pequeno aumento de peso: o de rotação e o de translação.

Contudo, por mais que seja um admirador da ciência econômica e até simpatize com o Guido Mantega, não suportava mais, ao me olhar no espelho, ver, em vez do meu reflexo, uma aula expositiva sobre os mecanismos da inflação.

É bem verdade não sou de confiar em entes que trocam a esquerda pela direita, como o espelho e o Arnaldo Jabor. Afinal, se gostasse de reflexões defeituosas, passaria a ler o Diogo Mainardi.

No entanto, tive que reconhecer que minha adiposidade havia alcançado um ponto crítico quando o espelho, de maneira capciosa e afetando intimidade, passou a me chamar de “Moby”.

- Quer que eu te mostre o “dick”? – respondi, irado.

- Pode ser. Quer que te ajude a tirar a barriga de cima? – ele insistiu.

- Olha que eu te coloco no banheiro de empregada, hein!

- Regime é sacanagem! Logo agora que eu tô viciado em gordura!...

Como não sou de discutir com seres inferiores, como móveis, plantas e deputados federais, deixei o espelho de lado. De lado para a parede. E, me afastando, fingi não ouvir que ele assobiava a música-tema do Balão Mágico.

Mas aqui digo a vocês, companheiros de desvalia nesta Terra inóspita: às vezes é recompensador ter em casa um ente indiscreto e disposto a falar bobagens o tempo todo. Seja ele um espelho, uma sogra ou um cunhado.

Porque, devo confessar, o espelho foi pra mim o que a maçã foi pra Newton: deu-me uma baita dor de cabeça mas, em seguida, também uma idéia. Estava definitivamente decidido a fazer um regime, camaradas."

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